terça-feira, 30 de março de 2010

Genética recupera a visão humana


Ministro britânico considera experiência o maior feito da história científica da Inglaterra.


Cientistas britânicos da University College London (UCL) e do Moorfields Eye Hospital ainda comemoram o resultado de uma pesquisa envolvendo terapia genética que fez um jovem de 18 anos - portador de uma doença degenerativa hereditária - recuperar boa parte da visão de seu olho esquerdo. Apesar de a mesma experiência não ter dado resultado com outros dois pacientes, os pesquisadores estão confiantes no futuro da técnica, que consiste na aplicação de uma injeção no fundo do olho, logo abaixo da retina. Esta é a segunda vez na História, segundo os pesquisadores, que a terapia genética apresenta resultado eficaz em seres humanos e o primeiro caso positivo relacionado a problemas oftalmológicos.

- É a maior conquista da ciência britânica - definiu Dawn Primarolo, ministro da Saúde inglês, responsável pelo financiamento do projeto.

O jovem beneficiado pelo tratamento é Steven Howarth, estudante e guitarrista de 18 anos, que sofre de uma rara doença hereditária que o deixou com a visão extremamente prejudicada, incapacitando-o de enxergar, principalmente à noite. A doença (amaurose congênita), de acordo com os cientistas, é causada por uma falha no gene RPE65. A injeção aplicada em Howarth continha uma versão saudável do gene. Em seis meses, o estudante recuperou dois terços de sua visão esquerda. Outros dois pacientes também passaram pelo tratamento, mas, apesar de não desenvolverem efeitos colaterais, não obtiveram qualquer melhora. A pesquisa foi publicada na revista científica New England Journal ofMedicine.

- Por cautela, começamos usando pequenas doses do composto com pacientes que apresentam casos mais complicados, em estágio final de degeneração - informou o professor de genética molecular Robin Ali, do Instituto de Oftalmologia da UCL, que liderou os estudos. - À medida em que testarmos com pacientes mais jovens e usando doses maiores, acredito que teremos melhores resultados.

A mesma revista inglesa também publicou os resultados de um estudo semelhante feito nos Estados Unidos, por especialistas da Universidade da Pensilvânia. Eles começaram a realizar a pesquisa seis meses depois dos britânicos. Assim como em Londres, as experiências americanas foram realizadas com três pacientes. Dois deles também apresentaram melhoras, mas o terceiro sofreu uma perfuração na retina. Precisou ser operado, mas, segundo os médicos, a perda da visão não foi agravada.

Cuidados

O estudo enfatiza que, para injetar a solução contendo o gene, é necessária extrema precisão. A intervenção consiste em levantar a retina, causando um descolamento temporário. Um simples deslize poderia rasgar a retina e destruir a visão por completo. A grande esperança da comunidade científica internacional é a de que, a partir dos resultados das duas experiências, a terapia genética passe a ganhar mais importância e que mais experiências sejam feitas em outras áreas da medicina.

- Estudos como este demonstram o grande poder da terapia genética para corrigir a origem básica de algumas doenças - afirmou o presidente da Sociedade Britânica de Terapia Genética, Len Seymour. - O incentivo que esta pesquisa trará a pacientes e cientistas aumenta a confiança na hora de se adotar medidas semelhantes para o tratamento de uma série de doenças degenerativas.

Keli Santos 3º ano

Nenhum comentário:

Postar um comentário